sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Pesquisa_03

Trecho com uma explicação sobre a Grécia clássica
Grécia Clássica: O Contexto Político e Social

A Grécia clássica é a Grécia das cidades. Do ponto de vista político, salvo alguns reinos como a Macedônia, ou algumas regiões longínquas, como o Epiro, que vivem em aldeias, obedecendo a uma organização tribal, o mundo grego clássico está dividido em póleis, isto é, em cidades, que são entidades independentes; estes verdadeiros pequenos Estados, juridicamente soberanos e autônomos, compõem-se não apenas de uma cidade, que é o centro político, social, administrativo e religioso, mas também de uma território mais ou menos vasto, a khôra, essencialmente rural, onde estão instalados algumas aldeias e pequenos burgos, algumas fortalezas perto das fronteiras e até alguma aglomeração importante, como o porto, especialmente se a cidade principal não esta à beira-mar, como o Pireu, ao lado de Atenas; além disso há santuários, alguns de fama pan-helênica, como o de Olímpia, no território de Élis. A pólis constitui o ambiente do qual muitos habitantes só saem de quando em quando.
Os apelos feitos por certos intelectuais como o ateniense Isócrates, para despertar uma consciência política pan-helênica, sobretudo a partir do século V, nunca encontraram eco, e só depois de sua derrota diante de Felipe II, em 338, em Queronéia, é que as cidades gregas se unirão de fato em sua dependência em relação à Macedônia. Até então, os únicos tipos de associação eram a Liga, passível de transformar-se no imperialismo de uma cidade sobre as outras, como a liga de Delos, criada em 477, por iniciativa de Atenas e por esta dominada, ou o koinón, espécie de Estado federal, como no caso da Beócia e da Tessália.
Cada cidade exibe seu particularismo, tendo seu próprio sistema de pesos e medidas, organizando a seu modo o calendário e cunhando sua própria moeda. Como há vários sistemas monetários há em cada cidade cambistas que se instalam na ágora atrás de uma mesa, ou de um balcão. Essas agências de câmbio pouco a pouco se transformam em bancos.
A estrutura social, por outro lado, é mais ou menos a mesma em todo o mundo grego. Repousa sobre um princípio de desigualdade entre os homens.
De um lado, há o homem livre, do outro o escravo, que é apenas, segundo as palavras de Aristóteles, “um objeto de propriedade animado”, ou o dependente (o hilota da Lacônia, por ex.), espécie de servo ligado a uma terra, com um status intermediário entre o escravo-mercadoria e o homem livre. Mas entre os homens livres, necessariamente gregos, só uma minoria participa do poder político: são os cidadãos, isto é, os adultos do sexo masculino, filhos de pais já cidadãos; as esposas e filhos desses cidadãos pertencem ao corpo cívico, mas não ao corpo político da cidade. Os filhos homens tornam-se cidadãos de pleno direito quando de sua maioridade, em geral aos 18 anos; as às filhas nunca se atribuem direitos políticos.
Na região dórica, por exemplo em Esparta, a mulher goza, ao menos juridicamente, de uma certa liberdade, mas em outros lugares ela está muitas vezes, especialmente em Atenas, sob a dependência de um pai, um irmão, um tutor, um marido ou até mesmo de um de seus filhos.
Os cidadãos decidem nas Assembléias ou nos Conselhos (Boulê, areópago de Atenas, Gerúsia, em Esparta, etc). Mas mesmo entre os cidadãos do sexo masculino nem todos tem os mesmos direitos. Em geral, há uma hierarquia, na maioria das vezes baseada sobre a riqueza e variável de acordo com a natureza do regime político: oligarquia, tirania, democracia censitária, democracia radical.
A população da cidade compreende também um número considerável de homens livres, que, embora gregos, não pertencem nem ao corpo político nem ao corpo cívico, porque são estrangeiros de nascimento. Aqueles que, entre esses estrangeiros, se tornaram residentes permanentes de uma cidade gozam de um status privilegiado, como os metecos em Atenas, mas sem possuir direitos cívicos; devem ter um responsável (um prostátê) entre os cidadãos; só raramente lhes é conferido o direito de cidadania. Os estrangeiros de passagem são aceitos sem dificuldade, desde que respeitem as leis e não interfiram nos assuntos da cidade; todo estrangeiro é em princípio um hóspede para cada cidadão (a mesma palavra, ksénos, exprime em gregos as duas noções).
Os estrangeiros não gregos eram, na própria Grécia, comerciantes, mercenários ou, mais freqüentemente, escravos, particulares ou públicos, pois certas cidades utilizavam escravos públicos, especialmente para tarefas administrativas ou policiais.
A sociedade grega da época clássica nada tem, pois, de igualitária, e a mentalidade comum, longe de reprovar uma tal estratificação e tão grandes discriminações, considerava-as naturais ou inevitáveis, e até necessárias, já que, como se pensa, são necessários escravos para as tarefas grosseiras, de modo que o homem livre, que em geral também trabalha, disponha de pelos menos uma parte de seu tempo para ocupar-se, entre outras atividades, das coisas do espírito. Assim sendo, fica claro que o modo de vida será bem diferente segundo as categorias sociais.
Aliás, o cidadão, homem livre por excelência, goza apenas de uma liberdade bem codificada e muito vigiada. Deve estar a serviço de sua cidade durante a maior parte de sua vida, e, na guerra, empenhar simultaneamente sua pessoa, como hoplita (infante), cavaleiro ou remador, e suas finanças para pagar certos encargos. Deve respeitar inumeráveis leis e regulamentos e suportar o peso das tradições morais e religiosas de sua família, de sua pátria - agrupamento de famílias -, de sua tribo, de sua cidade. As punições são sempre rigorosas, e a pena de morte é não só juridicamente prevista, mas também pronunciada com freqüência.

Fonte deste trecho:
Material do COLÉGIO NOSSA SENHORA DE FÁTIMA- SACRAMENTINAS, HISTÓRIA, Prof. Joab Cruz, Fonte: CLIO História – Textos e Documentos
www.colegiosacramentinas.com.br/.../Grécia%20clássica_%20O%20contexto%20social%20e%20político.doc
Acesso em 19/09/2009

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