domingo, 13 de dezembro de 2009

Última de 2009?

No post de novembro coloquei a dúvida do professor de História Hilário Franco com as palavras: "As palavras para o historiador, são sempre poblemáticas. Como explicar o passado com palavras que não soem estranhas e pedantes aos não especialistas, e que, ao mesmo tempo, sendo simples e de uso comum, não desvirtuem as realidades históricas?". Hoje encontrei um pensamento interessante num livro recem lido.
"Durante muito tempo, mitos e preconceitos esconderam a história...
Nada mais desagradável do que o conhecimento enrolado em linguagem técnica, servindo a meia dúzia de especialistas...
Afinal todos os brasileiros tem o imperioso dever de não ocultar o passado, pois, pelas palavras de Ibrhim Baba Kaké, sabemos que o esquecimento é um crime - e dos maiores - contra a humanidade."
Mary Del Priore e Renato Pinto Venâncio na introdução a "Ancestrais: uma introdução à história da África atlântica".

sábado, 7 de novembro de 2009

História - passado e presente

Uma das dificuldades, não a maior delas, mas sempre uma dificuldade é contextualizar o passado histórico oom a atualidade.
Navegando pela internet encontrei este texto do professor Hilário Franco Jr. Não sei se a autoria é com certeza dele, mas cito as fontes que obtive. Achei interessante.

O Feudalismo e o Brasil
Texto de Hilário Franco Junior, em:
http://www.eciencia.usp.br/site_2005/exposicao/feudalismo/apresentacao.html (não consegui acessar este site, aparece como desativado)

Os historiadores chamam de Idade Média o período que, na Europa, foi mais ou menos do ano 500 ao 1500.
Época e local muito afastados, e por isso pouco importantes para o Brasil? Não!
Apesar de naquele momento nosso país ter sido habitado apenas por tribos indígenas quase pré-históricas, a cultura medieval aqui penetrou com força depois da chegada dos europeus.
É por isso que em pleno século XXI ainda temos muito de medieval, mesmo sem percebermos.
Lembremos alguns exemplos:
O nome Brasil foi tomado de uma famosa terra mítica para os homens da Idade Média.
O cristianismo católico adotado pela maior parte de nossa população tornou-se definitivamente vitorioso naquela época.
Nosso idioma também nasceu naquele período (assim como o inglês, o francês, o italiano, o espanhol), e no Brasil de hoje ainda falamos e escrevemos o português de forma mais parecida com o da Idade Média do que se faz em Portugal.
Somos um país de mestiços porque os colonizadores portugueses que vieram para cá também o eram, já que se misturavam com muçulmanos desde o século XI e com negros africanos desde o XV.
Mas a Idade Média está presente entre nós principalmente através da permanência de certos traços do feudalismo. Isto é, da organização social que predominou na Europa entre o ano 1000 e o 1300.
Da mesma forma que os senhores feudais, muitos brasileiros, e sobretudo os políticos, confundem seus interesses particulares com o interesse público.
Da mesma forma que naquela sociedade, as relações pessoais (ser amigo de alguém influente) tem mais peso que as relações institucionais (agir de acordo com a lei).
Da mesma forma que naquela época, temos uma enorme desigualdade na distribuição da riqueza, do conhecimento e do poder.
Fonte: http://pre-vestibular.arteblog.com.br/22863/O-FEUDALISMO-E-O-BRASIL/ acesso 05/11/2009

Resumo de um trecho do livro O Feudalismo

Publico aqui o trecho inicial do livro do Prof. Hilário Franco Jr. "O Feudalismo", nº 65 da coleção chamada Tudo é História da Editora Brasiliense, para ajudar os alunos que se interessarem por entender melhor a origem do feudalismo.
O exemplar do livro que usei para fazer este resumo é de 1983.

Inicialmente reproduzo um pequeno trecho do primeiro parágrafo do livro, o qual penso ser a grande angústia dos professores de história.

"As palavras para o historiador, são sempre poblemáticas. Como explicar o passado com palavras que não soem estranhas e pedantes aos não especialistas, e que, ao mesmo tempo, sendo simples e de uso comum, não desvirtuem as realidades históricas?"

A Origem do Feudalismo:

O processo de gênese do Feudalismo foi bastante longo: da crise romana do século III até os problemas do Império Carolíngio no século IX, para finalmente se concluir em fins desse século ou princípios do X. Para podermos acompanhar mais claramente esse processo, examinaremos sucessivamente sete de seus aspectos mais importantes:
a- a ruralização da sociedade;
b- o enrijecimento da hierarquia social;
c- fragmentação do poder central;
d- desenvolvimento das relações de dependência pessoal;
e- privatização da defesa;
f- clericalização da sociedade;
g- transformações na mentalidade.

a – a ruralização da sociedade – Ruralização da sociedade é o fenômeno que ocorre na Europa após o fim do Império Romano do Ocidente, quando, após as invasões bárbara as cidades, os mosteiros e igrejas são assaltadas o que leva as populações urbanas a migrarem para a zona rural, ou seja para o campo. Este fenômeno possui raízes muito antigas e profundas, ocorrendo desde o Império Romano, quando ocorreu o crescimento do número de escravos e o enfraquecimento da camada de pequenos e médios proprietários rurais e a concentração das terras nas mãos de poucos indivíduos. Nesse quadro, estabelece-se uma contradição entre a necessidade de se renovar constantemente o estoque de mão-de-obra escrava e um estado dominado pelos cidadãos mais ricos que viam seus rendimentos decrescerem. Os poderosos fugiam aos impostos e os pobres não podiam paga-los. Assim, não havia condições econômicas e sociais de prosseguirem as conquistas. Dessa forma o sistema imperialista/escravista não podia mais continuar a se auto-reproduzir. Na sociedade urbana a crise se manifestava mais claramente com as lutas sociais, a contração do comércio, pressão do banditismo e dos bárbaros. Como conseqüência a essa situação, os mais ricos passaram a se retirar para suas grandes propriedades rurais (chamadas villae), onde estariam mais seguros e poderiam produzir praticamente todo o necessário.
A questão da mão de obra rural foi solucionada por um regime de tripla origem:
1 – atendia aos interesses dos proprietários em ter mais trabalhadores;
2 – do estado em garantir suas rendas fiscais;
3 – dos mais humildes por segurança e estabilidade.
Desse encontro nasceu o colonato. A crescente dificuldade em se obter mão-de-obra escrava (devido às dificuldades de abastecimento) quanto livre (devido ao retrocesso populacional) punha em xeque as possibilidades do grande proprietário em explorar proveitosamente suas terras. Buscou-se então um novo sistema, em que a terra ficava dividida em duas partes: a reserva senhorial e os lotes dos camponeses.
Esses lotes eram entregues a indivíduos em troca de uma parcela do que se produzisse ali e da obrigação de trabalhar na reserva senhorial.
Para o Estado, vincular cada trabalhador a um lote de terra representava melhor controle do fisco imperial sobre os camponeses e uma forma de incentivar a produção. Para os marginalizados trabalhar nas terras de um grande proprietário significava casa, comida e proteção, para os escravos significava uma considerável melhoria de condições e para o proprietário era uma forma de aumentar a produtividade e diminuir os custos. Assim, por um aviltamento da condição do trabalhador livre e uma melhoria da condição do escravo, surgia o colono. Sua situação jurídica, já definida desde o século IV expressa nitidamente a ruralização do império romano. Em resumo, o colono era juridicamente um homem livre, mas verdadeiro escravo da terra.

b – enrijecimento da hierarquia social - Enquanto na Roma Clássica o critério para diferenciação social era a liberdade, a partir do século III passa a ser decisivo levar-se em consideração a condição econômica e a participação nos quadros diretivos do Estado. Desde o século IV estabeleceu-se a vitaliciedade e hereditariedade das funções, da mesma forma que se vinculou os camponeses a terra também se vinculou os artesãos de cada especialidade a uma corporação submetida ao controle estatal.
A penetração dos bárbaros germânicos não alterou esse quadro. A quebra da unidade política romana acentuava as tendências regionalistas daquela aristocracia reforçaria seus privilégios. A vida da população urbana decadente continuava a evoluir nesse sentido e as camadas mais humildes não tiveram sua sorte alterada. Os invasores de maneira geral mantiveram as estruturas anteriores.
A própria sociedade germânica após sua instalação no ocidente começou a passar por transformações profundas. Por volta do ano 500, nos limites do império, vivia um milhão de bárbaros em uma população de trinta milhões. As duas sociedades, a romana e a germânica, passam a ter estruturas semelhantes e identidade de interesse ao nível das aristocracias aos poucos se fundiram numa nova sociedade.

c – fragmentação do poder central – Processo resultante da ruralização, da tendência a auto-suficiência de cada latifúndio e a crescente dificuldade nas comunicações fez com que os representantes do poder imperial fossem perdendo poder de ação sobre vastos territórios. As invasões germânicas quebraram definitivamente frágil unidade política do ocidente no século V. Mais importante que isso é o fato de que em cada Reino Romano Germânico continuavam a se manifestar as mesmas forças centrifugas da época romana. A formação de uma aristocracia germânica contribuía para isso. Esse quadro era reforçado pela decadência da economia, comercial e monetária.
Na maioria das vezes aquelas áreas caíram em mãos de membros da aristocracia germânica, que nelas estabeleciam, além de escravos, homens livres de sua tribo como rendeiros ou mesmo pequenos proprietários. Contudo, com o tempo, seguindo a lógica da evolução social da época, aqueles homens livres acabavam por entrar em algum tipo de dependência. Portanto, as sociedades romana e germânica, passando a ter estruturas semelhantes e identidades de interesses em nível das aristocracias, puderam aos poucos ir fundindo numa nova sociedade.

d – desenvolvimento das relações de dependência pessoal – Esse aspecto é resultado do isolamento dos grupos humanos (devido a ruralização), do crescimento da distância social e da fraqueza do Estado, da tribo ou da linhagem. Assim, já no Império Romano muitos indivíduos de origem humilde procuravam por diferentes razões colocavam-se sob a proteção de um poderoso, tornando-se seus clientes. Essa situação criava laços de dependência muito forte. Essa situação repetia-se também no campo, onde camponeses livres, para fugir ao Estado opressivo e ao fisco, entregavam suas terras a um individuo poderoso. Assim, retirando-os da órbita estatal, os latifundiários romanos tendiam a transformar esses camponeses em colonos.
Entre estas diferentes formas de dependência pessoal na época, a que mais sucesso teria foi a vassalagem. Sua larga difusão deu-se a partir de Carlos Magno no século VIII, reforçando os laços pessoais. Antes dessa época “vassalo” apresentava uma conotação servil, depois, no século VII o termo passa a ser empregado também em relação a homens livres, por fim no século VIII em diante elementos da aristocracia principalmente quando o juramento de fidelidade próprio da instituição da vassalagem alia-se o benefício (doação de extensões de terra).

e – privatização da defesa – Naturalmente este aspecto decorria de todos os anteriores. Tanto entre os romanos como entre os germânicos já havia antecedentes dessa prática, havendo diversas milícias particulares com laços de devotamento pessoal ligando guerreiros e seus chefes.
O grande fator responsável pelo aceleramento do processo de privatização da defesa foram os ataques vikings, sarracenos e húngaros. Considerando que essas invasões tiveram sua fase mais aguda após a divisão do Império Carolíngio e num quadro de fraqueza dos poderes públicos, a resistência aos invasores só poderia ser feita por condes e outros efetivos com poder em cada região. Para sobreviver a Europa cristã cobriu-se de castelos e fortalezas. A fragmentação política completou-se , pois a regionalização da defesa era uma necessidade.

f – clericalização da sociedade – A partir do século IV com a progressiva cristianização das populações romanas uma camada sacerdotal começou a organizar-se institucionalmente para constituir uma Igreja. Esse fenômeno pode ser entendido em dois sentidos: quantitativamente (a proporção de clérigos em relação ao conjunto da população torna-se muito superior à que existira antes durante o paganismo greco-romano) e qualitativamente (o clero torna-se um grupo social diferenciado com privilégios e poderio político e econômico).
Quais as origens desse aspecto:
1 – ao contrário de outras religiões, o clero cristão, foi escolhido, instruído e recebeu poderes diretamente da própria divindade, assim fez Cristo com seus apóstolos e estes com seus discípulos, os primeiros bispos e estes por sua vez com os outros clérigos e assim sucessivamente;
2 – depois, como decorrência do fator anterior, somente o clero poderia realizar os rituais da liturgia cristã, a qual ao longo dos séculos seguintes ia ficando cada vez mais complexa, exigindo cada vez mais que seus oficiantes fossem especialistas. Aos poucos as práticas dos rituais cristãos (os sacramentos – como o batismo, por exemplo, e a celebração eucarística) iam monopolizando a comunicação dos homens com Deus;
3 – também o caráter universalista da Igreja cristã a tornava a única herdeira possível do Império Romano, embora a Igreja cristã considerava-se uma sociedade sobrenatural, que não era deste mundo, reconhecia os direitos do Estado (“daí a César o que é de César, a Deus o que é de Deus”), mas, exatamente por isso, a Igreja superava o Estado, considerado transitório. Apesar de “não ser deste mundo”, a Igreja estava bem enraizada nele, formando uma sociedade autônoma e completa com sua organização e leis próprias. Assim, o desaparecimento do Império, isto é da face política da sociedade romano-cristã, não afetou a Igreja. Pelo contrário, alargou o campo de sua atuação: por exemplo, antes mesmo da queda do Império, os bispos iam substituindo nas cidades a magistratura civil;
4 – também importante para entender a clericalização da sociedade é considerar o crescente poder econômico da Igreja. Desde seus primeiros tempos recebia donativos e legados de seus fiéis. Estes bens recebidos pela Igreja iam fazendo dela a maior proprietária de terras. No século IX ela detinha, estima-se, uma terça parte das terras cultiváveis da Europa cristã.

g- transformações na mentalidade – o último aspecto a ser considerado na formação do feudalismo são as transformações na mentalidade. Contudo elas são difíceis de serem acompanhadas e impossíveis de serem datadas. De qualquer forma essas transformações estiveram ligadas ao cristianismo que foi muito mais sua expressão do que sua causa.

Resumo do livro "O Feudalismo" de Hilário Franco Jr.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Dinastias Merovíngia e Carolíngia (versão 1)

Merovíngios

O Reino Franco (inicialmente na época dos Merovíngios, ocupava parte significativa da atual França, Alemanha, Suíça e Países Baixos entre os séculos V e VII), foi organizado por Clóvis, no século V, fundador histórico da dinastia merovíngia. (neto do fundador semi lendário Meroveu). Convertido ao cristianismo, Clóvis firmou aliança com a Igreja, garantindo assim a sobrevivência dos seus domínios. Os seus sucessores deram continuidade à obra de consolidação de um reino centralizado.
A partir do século VII, contudo, os reis merovíngios perderam muito de seu poder e as funções governamentais e administrativas passaram às mãos dos prefeitos do paço (ou prefeitos do palácio), altos funcionários da administração real. Por isso, os governantes francos passaram a ser denominados reis indolentes. Coube a um desses prefeitos do paço, Pepino d'Heristal, determinar que o cargo passasse a ser hereditário. Sucedido por seu filho Carlos Martel, que venceu a Batalha de Poitiers, em 732, derrotando os árabes estabelecidos na Península Ibérica e impedindo-os de avançar para a Europa Central.
O filho de Carlos Martel, Pepino o Breve, foi aclamado rei dos francos, iniciando a dinastia carolíngia. Essa nova dinastia esta legitimada miticamente pela vitória de Carlos Martel, em Poitiers, quando as tropas muçulmanas foram finalmente, e a muito custo, repelidas. Os monarcas merovíngios estavam agora reduzidos a um simples papel honorífico, pois a cristandade havia sido salva por Martel e não pelo monarca, pouco tempo seria necessário esperar para que fossem destituídos do poder: Pepino, o Breve, com o apoio do Papa à pretensão de governar os Francos, em 751, derruba o último soberano merovíngio, Childerico III.

Carolíngios
Sob o seu comando, os francos venceram os lombardos estabelecidos no Norte da Itália. As terras conquistadas foram cedidas ao Bispo de Roma, constituindo-se, assim, o patrimônio de São Pedro (terras da Igreja). Após a morte de Pepino o Breve, subiram ao trono seus dois filhos, Carlos e Carlomano. Falecido este, Carlos Magno, o maior guerreiro medieval, tornou-se o único.
Empreendendo grandiosas campanhas militares, Carlos Magno conseguiu reunificar quase toda a Europa Ocidental. Por impor o catolicismo a todos os povos, conquistados e conceder terras à Igreja, na noite de Natal de 800, foi sagrado Imperador do Ocidente, pelo Papa Leão III. Foi restaurado, assim, a maior parte do Império Romano dó Ocidente, agora com capital na cidade de Aix-la-Chapelle.
Carlos Magno dividiu seu império em províncias, onde concedia aos nobres o privilégio de governá-las com autoridade política e jurídica, em troca de lealdade e de uma parte dos rendimentos das regiões.
Os condados (correspondentes às antigas cidades) eram administrados por condes. Na. fronteiras foram estabelecidas as marcas, governadas por margraves ou marqueses. Os ducados, que compreendiam condados e marcas, eram zonas de jurisdição militar comandadas por duques, o mais alto título de nobreza feudal abaixo do imperador.
Os nobres administradores eram fiscalizados pelos “missi dominici” (que em latim significa “enviados do senhor”), eram homens de confiança de Carlos Magno. Os “missi” eram sempre dois: um leigo e um eclesiástico que percorriam as províncias verificando se as leis estavam sendo cumpridas e se o povo não tinha queixas a fazer.
Apesar de pouco instruído (era quase analfabeto), Carlos Magno incentivou a educação, criou escolas de leitura em latim, protegeu artistas, sábios e professores, financiou trabalhos de preservação de antigas obras romanas, pode-se afirmar que sob o Império Carolíngio, a Europa Ocidental tentou recuperar uma grandeza cultural perdida desde a decadência de Roma.
Aqui podemos perceber uma divergência de caminhos com o Oriente bizantino da mesma época. Em Constantinopla não se nota nada que se pareça com a vitalidade das discussões escoláticas e da reflexão que permite o aparecimento das escolas e das Universidades ocidentais.
Entre os sábios que freqüentavam a corte do imperador, destacam-se Alcuino, monge inglês considerado o maior intelectual da época; Leldrade, bibliotecário da corte; Equinardo, historiador que escreveu A Vida de Carlos Magno; Paulo Diácono, historiador de origem lombarda. A fama e o prestígio de Carlos Magno ultrapassou as fronteiras de seu império, sendo admirado até mesmo pelos árabes de seu tempo Califa Harum-al-Rachid. de Bagdad presenteou o imperador com a chave do Santo Sepulcro). Devido ao interesse pela cultura, a época Carlos Magno é conhecida como renascimento carolíngio.
Decadência do Império Carolíngio
Após a morte de Carlos Magno, em 814, subiu ao trono seu filho Luís o Piedoso, que não fez um bom governo. Sua morte, em 840, desencadeou a disputa do trono entre seus três filhos. A questão foi resolvida legalmente através do Tratado de Verdun, de 843, que dividiu o império em três regiões. Lotário herdou a Lotaríngia, faixa de terra que passava pelo Norte da Itália, pela Suíça e terminava na Holanda. Luís o Germânico ficou com a Germânia, que corresponde à Alemanha e à Áustria atuais. Carlos o Calvo ficou com o território da atual França.
No final da dinastia carolíngia, subiu ao poder, na França, Hugo Capeto, cuja dinastia (capetíngia) governou até o final da monarquia francesa (século XVIII). Na Germânia, depois dos carolíngios, subiu ao poder Oto I o Grande, que fundou o Sacro Império Romano Germânico, extinto apenas no século XIX.
Desde a divisão do império, contudo, o poder real enfraqueceu-se cada vez mais. Apesar do tratado, os sucessores de Carlos magno continuaram lutando entre si, o que gerou a guerra civil e o fortalecimento do poder dos administradores provinciais.
A crise acelerou-se quando da ocorrência de uma nova invasão de povos bárbaros. Do norte vieram os normandos (vikings escandinavos) e do leste os magiares (húngaros).
A insegurança e a destruição geradas pelas guerras e pelas invasões provocaram a regressão acentuada das atividades industriais; o declínio da produção agrícola; a regressão comercial, devido à interrupção das rotas terrestres e a decadência das cidades. O novo quadro deu origem a uma forma de organização econômica, social e política que caracterizou o mundo medieval do Ocidente: o feudalismo.
Fonte(s):
http://www.triplov.com/espirito/maria_de_magdala/parte3/merovingios.htm Site português que desenvolve a interessante, porém ainda não provada ascendência dos reis merovígios. Acesso dia 09/10/2009;
Baschet, Jérome. A civilização feudal, do ano mil à colonização da América, trad. Marcelo Rede, São Paulo, Editora Globo, 2006, pp.78-81.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Merov%C3%ADngios A Wipedia e os Merovingios. Acesso 09/10/2009
http://pt.wikipedia.org/wiki/Dinastia_carol%C3%ADngia De novo a Wikipedia e agora os Carolíngios. Acesso em 09/10/2009

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Cultura pura?

Se procurarmos saber qual a primeira matriz da cultura do mundo ocidental, certamente encontraremos o seu berço na Grécia. Foi lá que o alfabeto dos fenícios foi adaptado, a arquitetura foi adaptada e desenvolvida além da herança de Homero de seus poemas épicos, heróicos e históricos da Ilíada e da Odisséia.
A tradição cultural grega, a arte grega, a filosofia e a ciência sob o governo de Alexandre, o Grande (entre 336. e 323 a. C) e depois com seu império nas mãos de seus herdeiros fundiu-se com a cultura oriental persa, egípcia e a indiana. A Grécia não era mais o centro cultural do mundo. Os principais centros da cultura helenística foram Alexandria, no Egito, Pérgamo e Antioquia, na Turquia.
Esta cultura grega, agora contaminada pelas contribuições dos orientais chega agora à Itália onde se desenvolveu a cultura romana (que herdou, entre outras coisas, o alfabeto, a mitologia, a filosofia e a estética grega).
Num outro momento, devido à expansão do Império Romano por largas partes da Europa celta e germânica, entre os séculos II a.C. e IV, alargou-se o círculo da cultura ocidental, englobando as regiões da Ibéria (Espanha-Portugal), da Gália (França), da Germânia (Alemanha Ocidental) e da Bretanha (Inglaterra).
Portanto, imaginar a cultura ocidental como pura e imaculada, sem nenhuma contaminação oriental é impossível. Mas, também certamente a cultura ocidental não é um mero depósito de culturas orientais, ela também guarda algumas características próprias, originais, que a meu ver são um materialismo e apego exagerado à riqueza material e ao prazer ilimitado, mas isto já é um tema para um outro texto.
Fontes para este pequeno texto:
http://imperiobizantino.sites.uol.com.br/artebizantina.htm acesso em 24/09/2009
http://www.infoescola.com/historia/alexandre-magno-e-a-cultura-helenistica/ acesso em 24/09/2009
http://educaterra.terra.com.br/voltaire/cultura/2009/05/07/000.htm acesso em 24 de setembro de 2009.
http://www.infoescola.com/artes/arte-grega/ acesso em 24/09/2009

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Impérios e imperialismos

A sociedade humana vive atualmente e desde muito tempo em organizações de poder chamadas de Estados Nacionais, com a organização do poder em leis, governantes e seus funcionários, polícias e exércitos para manter ordem social interna e conter inimigos externos (de outras nações). No entanto existem notícias vindas do passado remoto de impérios, ou seja, de governos de uma nação sobre outras nações. Existem referências de vários impérios da antiguidade oriental, desde chineses, a vários povos da Mesopotâmia (babilônios, sumérios e assírios), mas, sem dúvida o primeiro império digno desse nome, para nós, ocidentais - que serviu de modelo para muitos dos seus sucessores - de duração breve no seu tempo, mas de permanente importância pela sua idéia, foi o que Alexandre, o Grande, criou depois da unificação da Grécia por seu pai, subjugando a Ásia e unindo-a com a Grécia num reino que, praticamente, incluía todo o mundo habitado conhecido e acessível na época.

Ainda na Antiguidade, mas sucedendo e “copiando” o grande Alexandre, o imperialismo romano firmou-se quando derrotou os seus grandes competidores, os cartagineses, no Mediterrâneo ocidental. Dominou da Bretanha ao Egito, da Mesopotâmia à Península Ibérica e baseou-se em idéias de domínio e também de civilização dos homens.

Depois do fim do governo da Roma Ocidental em 476 e o sucessivo declínio da influência da cultura de Roma, o império, como força unificadora, não mais se concretizou. As nações surgidas das cinzas do império romano na Europa e na Ásia, sobre a base da civilização cristã ou islâmica, seguiram seus próprios imperialismos. o imperialismo tornou-se, então, uma força para dividir e explorar economicamente os povos do mundo.

Os fatores que contribuíram para o fim do império romano foram: sua divisão em duas metades, ocidental e oriental; a luta, dentro do império ocidental, entre o imperador e o papa; o surgimento do Islam, que pretendeu um domínio universal semelhante ao do cristianismo; e as aspirações nacionais dos povos que viviam dentro do império Romano que desafiaram a supremacia do império e exigiram a sua independência tanto das autoridades seculares (a do governo) como das autoridades espirituais do império.

No entanto, nos dias de hoje parece ser uma idéia fácil e óbvia a de que os EUA na contemporaneidade têm semelhanças com Roma na Antigüidade. Como exemplo lembremos da capa de uma grande revista de circulação nacional (Revista Veja, edição 1781 de 11 de dezembro de 2002) que, para noticiar o encontro do presidente brasileiro com o presidente norte-americano, colocou em sua capa a manchete: “Lula vai a César”, e apresentou uma fotomontagem na qual o presidente dos EUA aparece trajado como um imperador romano. Outro exemplo é o filme “As Invasões Bárbaras”, continuação de “O declínio do Império Americano”. O filme canadense, vencedor do Oscar de melhor filme estrangeiro de 2003, trata, entre outros temas, do papel da imigração latina e asiática para as áreas centrais do sistema econômico mundial, e faz uma analogia com as invasões bárbaras que acabaram levando o Império Romano ao colapso.
(fonte: http://outsidercaos.blogspot.com/2009/06/lxvii-o-imperio-romano-da-antiguidade-e.html acesso em 23 de setembro de 2009)

Veja a capa da revista:














Ambos os impérios de épocas tão diferentes tem algumas semelhanças e como não poderia deixar de ser, muito mais diferenças.

Entre os aspectos semelhantes podemos destacar o uso do poderio militar, as Legiões Romanas e a US Army. A subjugação de povos diferentes a uma cultura aparentemente mais sofisticada. O inglês e o latim.

Mas há uma diferença fundamental, os romanos transformavam os nativos que submetiam em cidadãos (talvez para melhor explorá-los) mas os norte-americanos especializam-se em excluir ainda mais os submetidos aos seu domínio (talvez, ai também para melhor explorá-los).

Bem, acho que por enquanto, basta.